No encerramento do Seminário ABERC 2023 – “Mercado de Alimentação Coletiva: tendências e desafios”, realizado em 22 de novembro, a Associação Brasileira das Empresas de Refeições Coletivas (ABERC) apresentou as demandas do setor que serão enviadas ao Congresso Nacional em fevereiro, após o recesso parlamentar. O documento propõe uma revisão abrangente para a modernização do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT). Segundo Rogério da Costa Vieira, vice-presidente da ABERC, o objetivo é adequá-lo à realidade atual do mercado de trabalho, visando garantir relações mais compatíveis entre trabalhadores, empresas e o governo.
Para estreitar ainda mais a relação com o Legislativo, representantes da ABERC participaram de um evento realizado pela Cebrasse (Central Brasileira do Setor de Serviços) em 4 de dezembro, que contou com a presença de parlamentares que estão apoiando o setor de serviços. Agora, a Associação irá enviar o documento ao Congresso na volta do recesso parlamentar, em fevereiro.
Vieira ressaltou que a abertura ao diálogo é fundamental para se compreender a importância de um setor que alimenta diariamente 35 milhões de pessoas.
Rogério da Costa Vieira: “A Reforma Tributária pode impulsionar ou prejudicar severamente este mercado. Portanto, esse é o momento de fazer parte do debate e revelar o quanto o segmento contribui para o desenvolvimento do país. Atualmente, empregamos mais de 285 mil pessoas e movimentamos R$ 30 bilhões por ano, com uma arrecadação anual de impostos da ordem de R$ 4,47 bilhões”.
O secretário extraordinário da Reforma Tributária, Bernard Appy, durante sua participação no seminário, abriu o diálogo com o setor. Segundo ele, após aprovação do texto pelo Congresso Nacional, haverá a criação de novos grupos de trabalho para alinhamento das regulamentações das alíquotas específicas de cada setor, via lei complementar, e esse é o momento para que o setor proponha mudanças.
O material proposto pela ABERC dá ideias e soluções para serem discutidas de forma ampla entre as empresas e os poderes legislativo e executivo. Em linhas gerais, o documento propõe:
1. Valorização do trabalhador por meio da modernização do PAT:
A proposta inclui a criação de um valor unitário específico para o desjejum, buscando sua incorporação como refeição obrigatória. A medida visa garantir um equilíbrio nutricional mais eficaz para os trabalhadores. Além disso, a Associação pede a revisão das alíquotas de desconto e incentivos dos atuais 4% para 6%, bem como a atualização do valor unitário da refeição utilizado na legislação vigente.
2. Contratos de trabalho mais adequados:
Há necessidade de revisar a legislação atual para atender setores com demandas 24/7, como o de refeições coletivas. Isso envolve a flexibilização para contratação temporária e a simplificação dos documentos de admissão.
3. Propostas para melhorias do setor:
A Associação sugere o estímulo ao uso de produtos da agricultura familiar por meio do reconhecimento tributário para empresas de refeições coletivas que adquirirem diretamente dos pequenos produtores.
4. Fundamentos e estímulo à modernização:
Destacando a importância social da atividade de refeições coletivas, a Associação reforça que suas propostas visam benefícios sociais, econômicos e tributários. Portanto, pleiteia acesso aos mesmos mecanismos de financiamento aos que existem no BNDES para o desenvolvimento do parque industrial. São mais de 40 mil cozinhas industriais no país e há a necessidade de renovação, usando linhas de crédito para a atualização de equipamentos. Os benefícios esperados são a melhoria da produtividade, redução dos acidentes de trabalho e incentivo à produção de equipamentos no Brasil, ativando a indústria nacional ao invés de importar, melhoria na segurança alimentar e ambiental, bem como a capacitação da mão de obra e acesso a novas tecnologias.
5. Custo das Refeições para Coletividade:
A Associação destaca que, atualmente, a composição de custos é de 55% para matérias-primas (produtos alimentícios, descartáveis e equipamentos), 35% para mão de obra e 10% para despesas gerais. Pleiteia flexibilidade nos preços devido à variação de custos. A legislação que obrigou a atividade a estabelecer um preço fixo por ano é de 1994. “Essa lei estabelece que alguns contratos teriam de ter preços fixos por 12 meses, incluindo o do setor de refeições coletivas. Ao longo desse período, as matérias-primas, que correspondem a 55% dos custos, sobem frequentemente, mas não podem ser repassadas nos contratos. Nos EUA e Europa não há obrigação de ter preços fixos com reajustes anuais. Ou seja, há um descolamento da realidade que impacta diretamente nas margens do setor aqui no país”, finaliza Vieira.
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