O 2º Seminário ABERC “Novos Horizontes na Alimentação Coletiva: Conhecimento e Transformação”, trouxe o painel “Como conduzir uma empresa para o sucesso”. Gonçalo Sá, especialista em fusões e aquisições, e Corporate Finance, destacou as oportunidades de crescimento no setor de catering, impulsionadas por uma proposta de valor estratégica.
Segundo Gonçalo, empresas do setor podem atrair mais clientes ao oferecer benefícios como redução de custos, simplificação operacional com a terceirização de cozinhas, melhoria na qualidade das refeições e aumento da satisfação dos colaboradores. Essas vantagens posicionam a alimentação coletiva como um aliado importante para empresas que buscam eficiência e inovação.
Quer saber mais? Confira a entrevista completa com Gonçalo Sá.
Aberc: O setor de refeições coletivas é composto por centenas de empresas, que, com exceção das três líderes Sapore, Sodexo e GRSA, são de médio e pequeno portes e, em sua maioria, familiares. Como você analisa o potencial de consolidação do segmento?
Gonçalo Sá: O setor de refeições coletivas está naturalmente propenso à consolidação, impulsionada pela fragmentação atual e pelo potencial de sinergias nas aquisições. Em um ambiente onde escala e eficiência são cruciais, a consolidação possibilita ganhos significativos, incluindo a expansão da oferta de serviços, economias de escala em compras, otimização logística e racionalização da estrutura administrativa. Além disso, empresas consolidadas têm acesso a capital mais competitivo e podem adotar práticas operacionais mais eficientes, favorecendo seu crescimento e fortalecimento no mercado.
Para quem é acionista de uma empresa pequena ou média de catering, esse processo de consolidação também oferece uma vantagem significativa: a possibilidade de liquidez. Isso é um privilégio importante, pois muitos setores não oferecem a mesma liquidez.
Que fatores externos podem contribuir ou atrapalhar o desenvolvimento do setor?
GS: As empresas precisam superar desafios que historicamente resultam em margens baixas, alto endividamento, limitada geração de caixa e retornos pouco atraentes para os acionistas. Esses obstáculos incluem a intensa competição por preços, práticas fiscais agressivas (com benefícios muitas vezes repassados aos clientes), precificação inadequada dos contratos e falta de visibilidade nas informações gerenciais, o que compromete a qualidade das decisões estratégicas.
Quais são os principais desafios das empresas de refeições coletivas em relação à rentabilidade?
GS: O principal desafio para as empresas de refeições coletivas é a correta precificação dos contratos, considerando todos os fatores – muitos dos quais incertos – que podem impactar negativamente a rentabilidade futura. Exemplos incluem desperdícios e perdas de estoque, inflação acumulada até o próximo reajuste, acordos sindicais acima do INPC, provisões para rescisões e processos trabalhistas, concessões comerciais nos repasses e riscos de multas por SLAs rigorosos.
Além da rentabilidade, é fundamental também que o setor se atente à conversão do EBITDA em caixa. Para isso, as empresas devem considerar a necessidade de investimentos para novas cozinhas, CAPEX de manutenção e capital de giro, garantindo assim uma operação que efetivamente gere valor para os seus acionistas.
Como uma empresa do setor pode se valorizar para atrair o interesse de investidores ou de compradores?
GS: Os principais fatores que impulsionam valor de uma empresa são o crescimento e a margem. Assim, deve-se buscar um crescimento saudável, associado ao aumento de margem por meio da precificação adequada dos contratos. Além disso, a adoção de boas práticas de governança aumenta os múltiplos de avaliação, pois reduz a percepção de risco e destaca a empresa entre potenciais alvos de investimento ou aquisição.
Um modelo de governança sólido, por exemplo, com profissionalização da gestão e redução da dependência dos sócios, aliado a uma contabilidade precisa e ao controle de práticas tributárias e comerciais, é essencial para assegurar uma valorização sustentável. Focar em contratos rentáveis e diversificar a base de clientes melhora o múltiplo da empresa e atrai investidores que buscam estabilidade e crescimento seguro. Uma gestão eficiente do capital de giro e dos investimentos em equipamentos também contribuem para valorização da empresa.
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